sexta-feira, 10 de agosto de 2012

*Janela

A ponta do meu dedo
Está a descascar
E tenho medo
Que todo eu seja novo
Daqui a alguns dias

Mas qual me é
O problema de ser novo?
Perder tudo que tenho?
E que é tudo que tenho?
Talvez seja nada...

Em minha casa
Havia uma janela no teto.
Uma vidraça difícil de se limpar,
Porque era muito alta,
Mas eu sempre limpava bem.

Até que um dia
Uma pedra irrompeu por ela
E eu me cortei um pouco
Com os cacos
Que caíram no chão.

Foi ai que pude
Pegar aqueles belos cacos
E examiná-los de perto,
Com cuidado,
Um a um

Estavam ensebados,
Quase todos eles.
Então não repus a vidraça,
Nem procurei quem atirara
A simples pedra. Não importava.

Dali em diante
O sol, a lua, o vento e a chuva
Entravam quando queriam
Lugar nenhum melhor
Para vasos, que flores, ali, conceberam.

Espero que mais coisas
Me entrem pela janela
E me obriguem a mudar a sala,
Assim não me entedio
E não canso dos dias.

Pensando bem...
Espero terminar de descascar logo
Assim não entedio de mim
Afinal só o eu e o que vivi
Me faz parte, nada mais...

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