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Educação:
-A educação faz-se com dose maior ou menor de mentiras vitais, responsáveis pela continuação da vida social.
-A educação visa a melhorar a natureza do homem, e isto nem sempre é aceito pelo interessado.
-A educação assemelha-se ao jogo, aposta no escuro.
Egoísmo:
-Somos irmãos do próximo, mas primeiro somos irmãos de nós mesmos.
Elegância:
-A elegância verdadeira vê na moda o seu principal inimigo.
Eleição:
-Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave.
-Se a maioria do eleitor é fraca, a do eleito o é mais ainda.
-A eleição é um processo democrático de escolher o melhor, o sofrível e o pior, sem distinção
segunda-feira, 30 de abril de 2012
*Poema Lixo
Tudo que você me falou
Se foi
Tudo que um dia já se pensou
Se foi
Tudo se foi
Todos os pensamentos são lixo e ouro
Depende de você
Depende de mim
Depende de tudo
Tudo
É o mundo
Tudo isso se desmonta
E pra ti, é afronta
A peleja é longa
A batalha é sempre
Respostas há, mas sem chão
Nada é em vão
O mundo é dos que vão
Se foi
Tudo que um dia já se pensou
Se foi
Tudo se foi
Todos os pensamentos são lixo e ouro
Depende de você
Depende de mim
Depende de tudo
Tudo
É o mundo
Tudo isso se desmonta
E pra ti, é afronta
A peleja é longa
A batalha é sempre
Respostas há, mas sem chão
Nada é em vão
O mundo é dos que vão
“O amor não é simplesmente o amor. Amor é uma peça que nos falta, mas ninguém pode
preencher por inteiro, ninguém tem o encaixe perfeito. E o encaixe de cada pessoa
se movimenta nessa nossa lacuna fazendo cócegas de uma maneira única. Alguns
encaixes não entram no nosso e outros até entram, mas não se movimentam do
jeito certo, alguns são muito pequenos... o encaixe que preenche o resto é o que nos falta como seres.”
“Tenho notado uma vontade intrínseca a mim, cada vez mais forte, de estar próximo das pessoas. Talvez por ter um vazio interno, uma espécie de vácuo onde tudo que é meu é expulso para fora, e então sou obrigado a criar coisas constantemente, recriá-las, reciclá-las e reinventá-las. Tento não ser sozinho em momento nem um, nem mesmo nos momentos mais íntimos como no banheiro ou no banho, tento manter as pessoas comigo sempre, lembrando delas, amando elas ou até mesmo odiando, numa tentativa de criar mais coisas para me preencherem e tentar viver realmente o que há no mundo e não simplesmente existir com o intuito de criar, essa é minha máscara”
*É o que há
Traidor,
ardiloso, peçonhento
É trágico, sempre a tirar meu ar
Trauma, ferida sem poder curar
Foi trançando, rasgando o pensamento
É trágico, sempre a tirar meu ar
Trauma, ferida sem poder curar
Foi trançando, rasgando o pensamento
É travessa
de sangue sem sentido
Me treme, me trinca e só me tritura
No trânsito, no trem. Todo gemido
Me faz suplicar, me leva a loucura
Me treme, me trinca e só me tritura
No trânsito, no trem. Todo gemido
Me faz suplicar, me leva a loucura
É tragada
transtornal de alegria
Vou tentando traduzir o trovão
Trama, traquina-me na covardia
Vou tentando traduzir o trovão
Trama, traquina-me na covardia
Faz
transviar até em pensamento
Não importa o que penso, vou continuar
Seguindo meu mantra e curtindo o momento
Não importa o que penso, vou continuar
Seguindo meu mantra e curtindo o momento
*Na casca de noz
Joguei fora ela, eu, o mundo, os momentos, a hora, o chão,
eles, e tudo mais que me pertencia, essa viajem tinha de ser vazia pra ter
alguma coisa.
O vôo da águia, do falcão. O mergulho do tubarão, da baleia,
do peixe. A velocidade do leão, do tigre e o descanso. A umidade da mata
fechada, e eus que ali caçam, morrem,
correm e sentem. Um mergulho de ponta no meio do marzão após um grande vôo a 15
metros de altura da mar, adentrando a solidão e a pureza da água em meio a
tantos eus. O calor da savana africana, sua monotonia , alastrando sobre a
realidade sem destino, sem rumo e fatal. A divindade do pico das montanhas,
gélidas, com seus ventos que quando aspirados, lembram-nos da dádiva do ser
cada momento, cada gesto, cada sinal, cada situação daqui. Apesar de oculto,
vago e embaçado que encara constantemente, o deserto era perfeito com seu
torpor ao esforço da vida que luta para ficar. A distância vazia e fria de
Plutão. O amor estonteante da Lua e os paixões dela, que fazem a Terra girar
para muitos, mesmo sem saberem. O calor sólido e eufórico do Sol, no ombro esquerdo,
seu fogo amante, que queima em cada um, alma. A presença fiel e vultuosa de
Marte e Vênus contrastando ao meu lado. Ansiedade efêmera em Mercúrio. E a
distância de outras estrelas e celestes por ai, presentes e ideais como sonhos.
Nesse momento eu era tudo e não era
nada. Na cama de um quarto escuro no canto do mundo eu morri e nasci. Senti o
barco alcançar alto-mar, seguir voo junto ao vento levante que esvoaça toda a
minha vida sem saber. Vi vários portos para atracar, mas o verdadeiro destino estava
no horizonte do meu mar, fechei os olhos.
Meu nome era Universo, e ele flava
comigo. Sabia o que queria, mas tinha de pedir mesmo assim, não sei o porquê,
só sei que foi assim. Não daria nada, regeria pra que pudesse maestrar o que
queria fazer, alcançar. Disse onde era o Norte, o Sul, a terra, o céu e o mar.Uma
voz grave, ecoante e múltipla ouvia, pairava no ar. E de repente eu era o vôo
do pássaro, o pássaro, o mergulho do peixe, o peixe, a velocidades dos
corredores, os corredores e a preguiça que os abatia. Era as montanhas, os
mares, as matas, as planícies, os campos, os desertos. Era o espaço, a Lua, o
Sol, os planetas, os sonhos. O vento, o frio, o calor, o mar, o planeta. E
todos eles eram Eu.
Tudo era tudo, nada era nada, tudo era nada e nada era tudo.
Senti a hora conectando-se a mim. Me explicando que o momento
era aquele, ou , do contrário, seria perdida, seria em vão.
O ar me inflou os pulmões, preencheu meu eu e me fez lembra
onde estava. Sabia o dever. Não saber. Deixar ser, levando até a vida. Abri os
olhos e fui escrever para poder dormir em paz.
*Samba de convocação
Eu nunca vi
Tanta gente com pedra na mão
Tanta gente sem razão
Brigando por deus e religião
Onde já se viu
Ver credo, cor e nacionalidade
Coisa lá da Média Idade
Antes de ver nossa igualdade
Eu quero ver
Eu quero ver, esse povo crescer
E desenvolver o pensamento cego
Que faz agente perecer
Eu quero saber
Quando é que o povo vai enxergar
Que Deus é quem na Terra está
E que não há motivo pra se separar
Então vamo junto
Brincar de tiro ao alvo
Com quem tá em cima do palco
Ditando regras pra dominar a salvo
Eu quero ver
Eu quero ver, esse povo crescer
E desenvolver o pensamento cego
Que faz agente perecer
Tanta gente com pedra na mão
Tanta gente sem razão
Brigando por deus e religião
Onde já se viu
Ver credo, cor e nacionalidade
Coisa lá da Média Idade
Antes de ver nossa igualdade
Eu quero ver
Eu quero ver, esse povo crescer
E desenvolver o pensamento cego
Que faz agente perecer
Eu quero saber
Quando é que o povo vai enxergar
Que Deus é quem na Terra está
E que não há motivo pra se separar
Então vamo junto
Brincar de tiro ao alvo
Com quem tá em cima do palco
Ditando regras pra dominar a salvo
Eu quero ver
Eu quero ver, esse povo crescer
E desenvolver o pensamento cego
Que faz agente perecer
*Vocatus
Chão, chão, chão
chão, carga Deus, chão
chão, chão, chão....
Levante a mão
Levante o chão
Levante tu
Levante tudo
Levante o punho
Levante o olho
Levante, levante
Tenha a luz como sua amante
Cante, dance, avance, se lance
Há mais do que água pra lá dos mares
Há muito mais....
Muito mais altares e bares pra se conquistar
Há outras rachaduras tão lindas
Pra se emocionar e, não marchar,
Mas deliciar-se com os quadros livres
chão, carga Deus, chão
chão, chão, chão....
Levante a mão
Levante o chão
Levante tu
Levante tudo
Levante o punho
Levante o olho
Levante, levante
Tenha a luz como sua amante
Cante, dance, avance, se lance
Há mais do que água pra lá dos mares
Há muito mais....
Muito mais altares e bares pra se conquistar
Há outras rachaduras tão lindas
Pra se emocionar e, não marchar,
Mas deliciar-se com os quadros livres
*A casa
Há uma fina camada de poeira
Como se eu não a limpasse por dias
Então estou sujo a cada meu passo
E não sei onde está aquela vassoura
Não consigo ficar à vontade.
E não quero vestir o chinelo
E se achar a vassoura, não vou
Pôr nenhum, do tapete, grão em baixo
Pois eu quero queimá-lo por todo
Pra que não volte mais aos meus cantos
Nem embrulhe de novo meu quarto.
Eu preciso de um fogo que é eterno
Que me venha direto do inferno
E daquela água que me lavou
Pra que eu plane sobre este chão
E não volte a sujar-me do pó.
*Manifesto Nebuloso
Que aconteceu com meus versos que não se alinham mais?
Fugiram, desapareceram, se escondendo atrás das árvores
Entre os arbustos e pequenos pastos
Me deixando completamente só
E pra cada sopro de inspiração,
Com vontade e disposição infinita, um vazio se instala
Infinito, e então um vento gelado sopra
Fazendo estalar a casa e os móveis
Ó nebulosa minha dos pensamentos,
Que faço eu sem letras?
Mande para cá meteoritos
Que destruam tudo
E que lapidem o mundo!
Fugiram, desapareceram, se escondendo atrás das árvores
Entre os arbustos e pequenos pastos
Me deixando completamente só
E pra cada sopro de inspiração,
Com vontade e disposição infinita, um vazio se instala
Infinito, e então um vento gelado sopra
Fazendo estalar a casa e os móveis
Ó nebulosa minha dos pensamentos,
Que faço eu sem letras?
Mande para cá meteoritos
Que destruam tudo
E que lapidem o mundo!
*Vívido, lúcido e lindo
Nos
gracejos de uma moça
Normal
e qualquer de lábios
Lábios,
claro, e não um pacote
Cada
lábio que me cruza,
quando
me é jovem e lindo,
as
vezes grossos ou não,
Vejo
um boquete a gemer
Sim,
um boquete completo.
Vívido,
lúcido e lindo.
Para
cima e para baixo
Com
beijos, língua e risos.
Quem
me dera agora mesmo,
os
prazeres de um boquete.
Vívido,
lúcido e lindo
*Ópera versada
E como num único sopro
Leve e tanto
Assim fez-se meu pranto
Mas único e brilho
Grito certo como um canto, que segue um trilho
Que vem do rio, natureza e floresta
Um santo e pra tanto, vim aqui
Fazer-me sorrir, mas não eu
O santo, eu, escuro e vapor
Divindade que levanto
Ofereço aos céus e nuvens
Para o mundo e pra tudo
Para todos, o meu canto
Para sempre quero avanço
O meu, o ontem, o seu e o hoje
Mas por enquanto e apenas por enquanto
Eu vou de tanque e bomba
Atacando de sangue e sombra
De ulalá na minha conta
Pra ver se eu viro um santo
E que um dia, com luz e fogo
Pro céu eu vá decolando
Como um grande homem no passado
Subiu e foi lembrado
Mas que os pequenos, dessa vez
Ouçam que deles veio a harmonia do meu canto
Leve e tanto
Assim fez-se meu pranto
Mas único e brilho
Grito certo como um canto, que segue um trilho
Que vem do rio, natureza e floresta
Um santo e pra tanto, vim aqui
Fazer-me sorrir, mas não eu
O santo, eu, escuro e vapor
Divindade que levanto
Ofereço aos céus e nuvens
Para o mundo e pra tudo
Para todos, o meu canto
Para sempre quero avanço
O meu, o ontem, o seu e o hoje
Mas por enquanto e apenas por enquanto
Eu vou de tanque e bomba
Atacando de sangue e sombra
De ulalá na minha conta
Pra ver se eu viro um santo
E que um dia, com luz e fogo
Pro céu eu vá decolando
Como um grande homem no passado
Subiu e foi lembrado
Mas que os pequenos, dessa vez
Ouçam que deles veio a harmonia do meu canto
*Olhar vivente
Como
agradecer? Como vou brindar?
Mesmo
com os pesares deste mundo
Posso
sorrir frente ao valoroso ar
Penetrar
o céu adocicado mais fundo
Ai,
ai! O mundo sempre está a girar
Sempre
mudando tudo a sua frente
Mesmo
vezes rápido ou devagar
Só orquestrar o momento
sabiamente
Noviços do doce néctar
do olhar
Tolos dos pequenos
enganos da mente
Mas sempre artistas
aprendendo a amar
Não posso continuar
neste pintar
Não sei se fui
claramente eloquente
Mas vou continuar, o
mar, a pintar
*Risos na rua
Vapor
dos passados
Eu
sinto a lembrança
A
vista da rua
A
lua e seu frio
E
os carros vivendo
Os
risos e vozes
descendo
na rua
em
jovem esfera
com
passos sem pressa
me
vêm de repente
no
real quase morto
Eu
nunca pensei,
meu
Deus, sentir falta.
Daquela
uma rua
Descê-la
no frio
da
noite meio rindo
com
meus companheiros
-Saudade
de casa
domingo, 29 de abril de 2012
*Versos livres, rimas pobres
Do
nada criou-se
Para
que assim pudesse
Imaginar
como seria
O
que sempre sonhou-se
E
para que assim pudesse
Transformar-se no Tudo
Que sempre quis que
fosse
E esse Tudo que passei
A te chamar, desmanchou-se
E assim não pude te
escrever,
Nem te falar qualquer
tolice
De amor que fosse
*O chato
“Tenho estado desconcertado, muito pensativo. Como alguém
quem não consegue viver efetivamente e tem de produzir um relatório mental
sobre exatamente tudo, qualquer sensação ou emoção, como que uma análise
científico-poética a lazer artístico. Ah, esse veneno!(de Rubem Fonseca). O
veneno dos venenos! Como alguém que formula pensamentos concretos, reflexos e
desenvolvidos dentro de si, mas não consegue lhes fazer em versos e palavras ao
seu gosto. Tenho estado chato para tudo, sem paciência com a vida, como se
aquilo que está para acontecer já fosse previsivelmente entediante, e, por
isso, tenho me refugiado em livros e histórias adjacentes aos meus pensamentos.
Mas,
notei algo diferente hoje. Notei que apesar de minha chatice impregnada nos
meus confins, como um cheiro forte de pimenta lhe ardendo os olhos e narinas,
estou sendo solidário ás pessoas com quem simpatizo, e seco, talvez até
ríspido, com os que não vou com a cara ou tenho algo contra de fato. Como que para
proteger algo dentro de mim, uma criança que ri, me agradando, para os atos
contemporaneamente heróicos, pelo menos para mim, que faço com essas pessoas a
minha volta. Ou , que talvez seja mais estranho ainda, estou a fazer com essas
tais pessoas como que para contar para meus filhos no futuro, como meu pai
fazia e faz comigo, como que para lhe mostrar os caminhos que segui e que acho
certos por algum motivo, ou até para ele poder discordar e eu aceitá-lo como
ele será. Odeio dizer isso, mas preconceitos e certos padrões de pensamento
antiquados das famílias, me salvaram de ser o que não sou e não queria ser,
apesar de ter um potencial considerável para tais, posso dizer até, que tenha
medo desses outros possíveis ‘’eus’’.
Tenho
percebido também que talvez não esteja me tornando quem eu quero ser realmente,
e pior ainda: percebi que não sei mais ao certo quem eu quero ser, e ainda: que
não sei se quero saber quem eu desejo me tornar. Mas isso talvez faça parte das
minhas histórias paternas futuras. Aliás, cheguei a uma certa conclusão no
banho: talvez, eu tenha desenvolvido uma necessidade de me tornar pai (não que
isso me faça ser melhor que o outros), como que para ter alguém realmente a
quem proteger e ensinar e ter o prazer de poder ver aquela vida feliz e
realizada, e sentir-me feliz por isso, como espero que meu pai se sinta por
mim, apesar de talvez não ser ou estar me tornando quem ele desejava que fosse.
Notei que desenvolvi essa estranha e natural vontade de representar essa figura
paterna presente e forte que vejo. Como na natureza, onde a criatura nasce, se
desenvolve, se reproduz, passando seu gene, sua vida, seus conceitos e
tradições para seus descendentes para perpetuar-se na roda viva do tempo, onde
avô criou o pai, que criou o filho que tornou-se avô e pai criando e protegendo
filhos e netos, e que morreu com um leve sorriso no rosto de paz e realização,
como alguém que descobriu seu dever e sentido na Terra. E aquele que não fez
isso, talvez não se encaixe no ‘’natural’’, mas não está errado, ao não ser que
tenho sido vil e mesquinho para com a vida próxima, simplesmente encontrou em outros
meios seus filhos, onde se fez pai e avô’’
*Servo ou senhor?
Será? Por que? Não?
Sim? Depois ou já?
Você ou eu? Nós ou eles?
Foi o bolo de chocolate com leite
Cadê meus poderes? Estão aqui.
Rumo ao céu, ziguezagueando no tempo.
Me deixe em paz! Mas peço, não vá
embora…
Tire as pilhas do relógio por favor
E também apague as luzes pra mim
Quem me garante o sossego sereno?
Por que você? Por que não apenas eu?
De quem é esse lugar? Meu que não é
Me empresta esse teu gosto que é de
amargo
Por que você também não prova dele?
Sou livre e sei que sou? Será que
sou?
E me anote também o que não sou
Mas me esconda pra não perder a graça
Só sei que as coisas perdem o sentido
Ó casa bonita, por que não somes?
Pra eu viver com os valorosos homens
Os que não têm vida e não têm nada
E então levanto minha espada de água
Pronto para retirar o que não é arte
Para matar os dragões que me queimam
Diga-me o que é certo e errado.
Lapida-te!
*Ulísses
Estou longe de casa, desbravando mares
desconhecidos onde criei adamastores para me atormentar. E como um herói,
sempre com medo, continuo a adentrar terras incondicionalmente paradoxais, onde
a incerteza facilmente confunde-se com o errado e aquilo que é belo discerne-se
como o mal caminho.
Estou
perdido, estou trilhando meu caminho. Longe de casa.
*Metasia
Poesia, estar-se só quando
acompanhado
E o silêncio faz-se do barulho
Como um atordoado de consciência
sobre aquilo que se está
refletindo para si o que realmente é
Poesia, a nudez do poeta
suja nos íntimo de si mesmo num canto
escuro
tanto nas folhas quanto em palavras
Talvez os riscos ícones
De uma mente em forma
humilde e crua, o que não é.
Um eterno paradoxo levante
Aquilo que se criou por si
Como pensamentos vivos
Ou natureza encarnada,
Mas simples dizeres proféticos,
verdadeiros do mundo de fora
O que se escuta, se vê e sente
*A Fazenda
Que o tiro foi dado e a
onça não espera a capivara dança.
Quero que o quero-quero
queiras que tu me quisesse quando quase quis não te querer.
Olha a galinha voando
onde o gato não come. Aqui cachorro come na mesa.
A casa é simples,
parece que é de barro. No teto tem três pontas de tristeza, são pequenas, nem
faz nada, mas eu tenho medo.
De manhã o céu ta
molhado e a terra ta fria. Pra bebe tem que tirar o lençol do leito no fogo.
Ali mais pra baixo tem
monte de água que o dono fez onde agente toma banho de vez em quando, já secou
uma vez, deu pra passar andando junto com ele.
Monto no cavalo e
esqueço da estrada, só miro o horizonte, ai eu viro vento e a velocidade banha
meus ouvidos. Esqueço de volta.
Saudade de lá.
*Desamor
Vinda
de uma vontade
nascente
de um sonho,
fascínio
infantil,
Eu
enfeitei seu nascer
feito
em mim
E
de teus amores
fiz
meus prazeres
E
de tuas curvas
fiz
meus amores
Onde
eu escorreguei
essenciei-me
a vida
em
gostos cheios
de
amor ingênuo
e
sonhos vividos.
Amargo
foi o tombo
E
de teus amores
fiz minhas dores
E de tuas curvas
senti minha criança
de onde amores amargos
tatuou o coração
*E quem me dera
E quem me dera ser um bicho de sete patas,
corcunda, grande, peludo, preto e marrom que
erra
pelos campos babando a procura do que comer
E não um alguém a procura do que sentir
E simplesmente respirar o mundo estático
E quem me dera ser um prédio grande,
antigo, duro e bege que ergue-se ao sol
frente aos que passam e se apequenam ao vê-lo
E simplesmente ser o que é e ficar ali
E não caminhar tentando ler as entrelinhas do
universo
e não mancar entre um abismo e o mundo,
entre o vazio e a realidade, entre a
melancolia e a felicidade
E quem me dera não ter de dizer quem me dera,
sentir simplesmente a fruta morder
e escorrer o suco que dela brota,
correr pelos campos amarelos, sentir
o sol quente em uma manhã gélida
olhando o céu, na terra, horizontar-se
e enxergar ali o infinito da vida minha em
meus pensamentos
Eu que tenho babado meus versos,
que tenho errado pelas ruas procurando ser
grande,
que tenho sido duro para erguer-me na
realidade
e simplesmente ser o que sou e ficar ali
*O sol sobre o mundo
Hoje acordei com os olhos mais atentos à beleza das
coisas
E tudo tinha brilho
Era um toque de detalhe a mais
Acho que sou um louco, caro amigo
E quem me dera o ser
Vendo uma fantasia em cada som, cada traço
Vendo uma estória todos os dias
Acho que sei o quanto isso é bobo, meu caro
Mas hoje eu só quero escrever
Você entende o que eu digo?
Eu entendo o que você diz
Acho que sou um gênio
Arrancando uma lucidez de cada fio da realidade
Mas talvez isso também seja ilusão
Recebendo hormônio no cérebro como qualquer um na rua
E alterando, assim, meu estado de espírito
Ou então o mundo realmente me tem um brilho a mais
Talvez haja purpurina em meus olhos
Não, acho que sou apenas um poeta
Tentando fazer magia de onde é seco
Inventando estórias sobre tudo ao seu redor
Infantil e capenga como muitos poucos
Poetas idiotas achando que fazer verso é dádiva ou epifania
E tudo tinha brilho
Era um toque de detalhe a mais
Acho que sou um louco, caro amigo
E quem me dera o ser
Vendo uma fantasia em cada som, cada traço
Vendo uma estória todos os dias
Acho que sei o quanto isso é bobo, meu caro
Mas hoje eu só quero escrever
Você entende o que eu digo?
Eu entendo o que você diz
Acho que sou um gênio
Arrancando uma lucidez de cada fio da realidade
Mas talvez isso também seja ilusão
Recebendo hormônio no cérebro como qualquer um na rua
E alterando, assim, meu estado de espírito
Ou então o mundo realmente me tem um brilho a mais
Talvez haja purpurina em meus olhos
Não, acho que sou apenas um poeta
Tentando fazer magia de onde é seco
Inventando estórias sobre tudo ao seu redor
Infantil e capenga como muitos poucos
Poetas idiotas achando que fazer verso é dádiva ou epifania
É, sou apenas um poeta
Talvez louco, talvez gênio
Mas apenas um poeta
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